Geração Z e o Mercado de Trabalho: Um Diálogo Necessário

Por Dino Piteko

A Geração Z, essa turma nascida entre meados dos anos 90 e o início dos anos 2010, tem sido alvo de um debate intenso e controverso. De um lado, são retratados como preguiçosos e acomodados, de outro, como uma geração visionária, com ideias inovadoras para transformar o mundo. Mas quem são eles, afinal? Seriam apenas mais uma geração, com suas peculiaridades e contradições, ou há algo de realmente revolucionário nesse grupo?

É inegável que cresceram em um mundo diferente, moldado pela internet, pelas redes sociais e pelas crises globais. Seus valores e prioridades refletem essa realidade, com uma ênfase em propósito, flexibilidade e bem-estar. Mas será que isso os torna tão diferentes das gerações anteriores? Afinal, a busca por significado e qualidade de vida sempre esteve presente na história da humanidade.

Um dos pontos mais controversos é a suposta “consciência social” da Geração Z. É verdade que muitos jovens se engajam em causas sociais e ambientais, mas suas ações, muitas vezes, contradizem esse discurso. O relatório global de gastos da Geração Z, de agosto de 2024 “Spend Z” da Nielsen, por exemplo, mostra que, apesar de declararem preocupação com o meio ambiente, muitos jovens compram de marcas de “fast fashion” com práticas questionáveis. Esse paradoxo se repete em outras áreas: não abrem mão do consumismo, utilizam combustíveis fósseis para o lazer, não demonstram grande interesse por energias renováveis, e cobram das empresas e do governo ações que não aplicam em seu próprio estilo de vida. É como se a responsabilidade pela mudança fosse apenas dos outros, e não deles próprios.

Outro ponto que chama a atenção é a expectativa por um bom salário, flexibilidade e benefícios, sem que haja, muitas vezes, a devida contrapartida em termos de experiência e qualificação. É compreensível que os jovens queiram ter uma vida profissional mais equilibrada e significativa, mas é preciso também reconhecer que o desenvolvimento de habilidades e a experiência profissional são essenciais para o sucesso no mercado de trabalho.

É importante evitar generalizações e reconhecer a diversidade dentro da Geração Z. Nem todos os jovens compartilham dos mesmos valores e comportamentos. As pesquisas e os relatórios, embora úteis, não devem ser utilizados para criar estereótipos ou ditar regras. A Geração Z, assim como qualquer outra geração, é composta por indivíduos com diferentes realidades, experiências e perspectivas.

O que podemos esperar da Geração Z? É difícil prever o futuro, mas é certo que eles terão um papel importante na construção do mundo que nos espera. A chave para o sucesso está em conciliar as expectativas dos jovens com as necessidades da sociedade, promovendo o diálogo, a educação e o desenvolvimento de habilidades essenciais para o futuro.